Monte Sinai

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quinta-feira, 1 de março de 2012

A BÍBLIA E A ARQUEOLOGIA E OS MANUSCRITOS DO MAR MORTO

DEFINIÇÃO E HISTÓRIA


Arqueologia é a ciência que estuda o passado humano e as civilizações antigas a partir de testemunhos concretos. Para a tradição judaico-cristã a arquelogia sempre teve um significado especial. Desde os tempos de Justino Mártir (2º. séc. a. C.) já havia um interesse arqueológico incipiente entre os cristãos. Nos últimos duzentos anos a arquelogia bíblica tem se desenvolvido muito. Israel, Jordânia, Egito, Síria, Líbano,Iraque, Turquia, Grécia, Chipre e Itália  são os principais países onde é realizada a pesquisa arqueológica bíblica, que procura relacionar descobertas arqueológicas com narrativas do texto sagrado.
Os primórdios dessa pesquisa concreta teve início do século XIX, quando o estudioso alemão Seetzen explorou a Transjordânia , e descobriu Cesaréia de Filipe, Amã ( Rabá 2Sm 11.15) e Gerasa. Em meados do século XIX, o francês De Saulcy foi o primeiro a escavar sítios arqueológicos na atual Palestina. Já o inglês Charles Clermont-Ganneau recuperou, por volta de 1870. a famosa inscrição em pedra que proibia, sob pena de morte, o axesso de gentios ao pátio do templo.
Todavia, foi somente no final do século XIX que surgiu o primeiro grande arqueólogo das terras bíblicas. Foi o inglês Sir Flinders Petrie, primeiro trabalhando no Egito e depois na Palestina, que estudou a cerâmica antiga e desenvolveu um sistema de datação dos períodos e fatos bíblicos observando e registrando as diferenças na forma, textura e pintura da cerâmica. Petrie estudou as várias camadas de terra dos sítios antigos e descobriu que estratos tinham uma ordem cronológica. Outro arqueólogo muito importante no século XX foi o americano Willian F. Albright, não somente por sua perícia e conhecimento, mas também porque seu pressuposto era que a Bíblia é um documento historicamente confiável.
No século XX, devido ao surgimento da chamada "New Archaeology" , a arqueologia das terras bíblicas passou denominada "Arqueologia Siro-palestina". A ideia dessa nova perspectiva é que a arqueologia da região deveria ser percebida da perspectiva científica. A característica peculiar do Oriente Próximo com seus aluviões e célebres "tells" deveria delimitar a arqueologia do Oriente Próximo. Além disso, a arqueologia passou a ter uma abordagem multidisciplinar (valendo-se dos estudos de arquitetos, antropólogos, geólogos e osteólogos) e não considerar o texto bíblico como historicamente exato. A arqueologia britânica Katheleen Kenyon foi um dos expoente da nova abordagem. Sua obra teve grande impacto na estragrafia.
O PROGRESSO CIENTÍFICO
 A arqueologia atual conta com uma gama técnicas e análises que vão muito além da mera "pá e picareta".. Segue uma relação da complexidade dos seus níveis de análise:
Análise da Numismática: As moedas ajudam a datar as camadas onde são encontradas. As moedas começaram a ser usadas na Ásia Menor pelos lídios por volta de 650 a.C.
Análise Osteológica: Os restos de esqueletos encontrados são conservados, identificados e analisados. Observa-se idade, sexo, alimentação e patologias. Esse é o trabalho de um antropólogo. Algumas escavações também contratam zoólogos para fazer a mesma análise dos restos de animais.
Análise Etnoarqueológica: As características étnicas são estudadas, e se fazem comparações entre os resultados desse estudo e a informação cultural obtida das antigas camadas do sítio arqueológico.
Análise do Solo: Amostras de terra são analisadas para ajudar a determinar a concentração de pessoas e animais no sítio e para identificar o que comiam. Sementes carbonizadas e outras partículas são separadas, e ás vezes tratadas quimicamente para determinar o teor alcalino e ácido do solo.
Análise da Cerâmica: Todos os utensílios são guardados, bem como os cacos, bordas, bases, alças. A textura da argila, a decoração de superfície ou pinturas características diferentes são analisadas. São úteis na datação do material. As peças são catalogadas, desenhadas e fotografadas para estudos posteriores.
Análise Especializada:
Dendrocronologia: Datação baseada no crescimento dos anéis na madeira das árvores.
Radiocarbono (radiocronometria) (C 14): datação baseada no nível de resíduo de carbono 14.
Potássio-argônio: Datação de um mineral baseado no nível de redução do potássio original.
Termoluminescência: Datação de cerâmica baseado na energia radioativa acumulada na cerâmica desde o dia em que foi queimada no forno.
Busca de fissuras: Datação por meio de microscópio de elétrons que registra a concentração de fissuras fósseis no vidro natural, no vidro fabricado e em outros materiais.
Arquemagnetismo: Datação por meio da intensidade do campo magnético da terra contida nos objetos de argila na época em que esfriaram depois de queimados no forno.
Flourine: Datação relativa de ossos em que se mede o flourine absorvido da terra pelo solo, comparando-se esse nível com o de outros ossos na mesma área (não é absoluta).
Teste radiométrico: Datação de ossos e de objetos baseada na quantidade de urânio presente (não é absoluta).
Conteúdo de colágeno: Datação de ossos pela quantidade de colágeno (baseada na quantidade de nitrogênio dos ossos).
Análise de pólen (palinologia): Análise de grãos de pólen em relação ao solo e ao ambiente do qual foram extraídos (nível de acidez do solo, aridez do clima etc.).
OS PERÍODOS DA ARQUEOLOGIA BÍBLICA
A arqueologia bíblica é dividida em períodos específicos, classificados com base no nível de desenvolvimento da civilização. Tal classificação leva em conta a tecnologia dos metais utilizados pelo grupo humano em vista.
Os primeiros Manuscritos do Mar Morto (MMM) foram achados por acaso numa caverna, nas encostas rochosas do deserto da Judéia, em março de 1947, por um pastor beduíno que procurava uma cabra perdida. Foram achados jarros com manuscritos de diversos livros sagrados de uma comunidade de judeus essênios. Posteriormente, vários outros manuscritos foram encontrados em outras cavernas. O material encontrado, datado desde o III séc. aC até o ano 68 AD, estava em Cunrã, em Wadi Murabba't , em Wadi Daliyeh, em Massada e nas cavernas de Nahal Hever e Se'elim. O histórico dos achados pode ser aqui resumido:
Em Cunrã. O material estava em 11 cavernas (ou grutas).
Na Caverna 1 (1Q) foram achados o Grande Manuscrito de Isaías (1QIs), a Ordem da Comunidade, Hinos de Gratidão, a Ordem da Guerra dos Filhos da Luz (comentário de Habacuque0 até 1947. Em 1949 foram achados cerca de outros 70 fragmentos.
Nas Cavernas 2, 5, 6, 7, 8, 9 e 10 havia apenas fragmentos de mais de 130 manuscritos.
Em 1952 a Caverna 3 trouxe a surpresa do achado do grande manuscrito de cobre, com uma lista de tesouros do templo e de seus lugares.
Na Caverna 4 foram encontrados em 1952 cerca de 400 manuscritos, sendo 100 deles manuscritos bíblicos. Com exceção de Ester, todos os livros do AT estavam representados, além de haver também muito material apócrifo e pseudepigráfico.
Em 1956 a Caverna 11 mostrou rica em material bem preservado. Entre os manuscritos achou-se o livro de Salmos, o livro de Jó em aramaico, Levítico (na escrita antiga) e muitos fragmentos. Em 1967 foi achado o Manuscrito do Templo (o mais extenso de todos).
Em Wadi Murabba'at. a 17 Km ao sul de Cumrã, duas cavernas revelaram seus achados em 1951-52. Além dos manuscritos ligados ao exército do Bar Kochba, foi encontrado um manuscritos com o texto dos doze profetas menores quase idêntico ao que conhecíamos.
Em Wadi Daliyeh. Nesse local perto de Jericó, não foi encontrado nada tão relevante. Destacam-se alguns papiros samaritanos (em escrita antiga) entre os cerca de 40 manuscritos achados em 1962-64.
Em Massada. Em 1963-65, foi achado um manuscrito de Eclesiástico em hebraico e fragmentos de Salmos, Levítico, Gênesis, e o Manuscrito dos Cânticos do Sacrifício do Sabath.
Em Nahal Hever e Se'elim. Nessas cavernas ao sul de En-Gedi havia muito material sobren Bar Kochba e alguns manuscritos bíblicos. Destaca-se a tradução grega dos Profetas Menores. Foram achados entre 1952-1961. 
 


  




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